quinta-feira, 4 de maio de 2017

Matar um Leão por dia é fácil. O difícil é desviar das Antas!

Nos últimos 26 anos, eu trabalhei em mais de 12 lugares diferentes. Teve Alcoa, Bayer, PwC, Unilever, Rhodia, Ericsson, W.L.Gore (GoreTex), Vagas.com, 99jobs e outros.
Fui vendedor na rua, funcionário público, estagiário, analista, gerente, diretor, CEO, autônomo, consultor, empreendedor, sócio de startup, palestrante, escritor e a lista segue me surpreendendo.
Em momentos diversos da vida, busquei estímulos diferentes. Às vezes foi dinheiro, outras vezes foi aprendizado. Houve situações em que valorizei status e outras em que persegui qualidade de vida. E, com tantas experiências, compreendi que o que me move de verdade é o IMPACTO. 

Eu busco estar fazendo alguma coisa que me desafie, que me faça aprender (ou seja, que eu queira saber mais!), pela qual eu tenha paixão (propósito alinhado à entrega final) e onde eu consiga ver o resultado do meu Trabalho (entenda porque o escrevo com T maiúsculo!)
Na minha jornada, - assim como você, na sua - tive que superar muitos obstáculos (internos e do ambiente) e criar condições para crescer! Isso me dá um tremendo orgulho.

Minha carreira (ou seja, a sequência de experiências relevantes de trabalho que me fizeram um profissional e ser humano bem-sucedido) foi uma conquista!
Ninguém me prometeu nada. Ninguém me deu nada.
Certamente, as coisas poderiam ter sido um pouquinho mais fáceis, se houvesse o volume de informações que temos hoje e a quantidade de pessoas formidáveis compartilhando suas histórias e experiências.

Por exemplo, eu poderia ter entendido essa pérola, que me disseram em tom de piada, lá em 1998. (Caraca! Já faz quase 20 anos!)
Matar um leão por dia é fácil. O difícil é desviar das antas!

Apesar do tom pitoresco (e talvez um pouco intolerante) da frase, tem material para aprendizado aí.
É um desabafo sobre a dificuldade de encarar o ambiente organizacional, onde encontramos pessoas muito diferentes, algumas maldosas, com valores conflitantes, comportamentos negativos, bloqueios de relacionamento, problemas individuais, tomando as bolinhas erradas, psycho nível hard, >=^( Grrrrrrr! (Ops. Desculpe. Bad trip. Lembrei de alguns ex-companheiros. Hahaha.)
Essas são as tais “antas” corporativas. Há muitas.

Acredite: ainda que você seja uma pessoa de grande coração e excelente profissional, você precisa estar preparado para lidar com elas! Não é fácil.
E se você acha que, como empreendedor ou freela, você está livre desse desafio, não se iluda! Como prestadores de serviços, alguns problemas tendem a aumentar!
No poço das antas, encontramos:

HORÁCIO
Também conhecido como Braço-Curto, John Armless, T-Rex.
Pode até participar das discussões, mas não pega nenhuma tarefa ou atividade. Enquanto puder se desviar do trabalho, vai mostrando o seu gingado e os outros vão tapando os buracos que aparecem.
Não avança 1 cm além do que é sua “obrigação”.
Por que é um problema:
Por que você não pode contar com sua ajuda e, possivelmente, terá que fazer um pedaço do trabalho dele. Além disso, com ele no seu time, dificilmente o resultado vai apresentar algo especial ou surpreendente. O nível tende a ser mediano, para não dizer medíocre.
Como lidar:
Seja absolutamente explícito sobre o que Horácio deve fazer. Ele não entende meias palavras. Não adianta insinuar que alguma tarefa deva ser realizada por ele. É necessário ser direto e específico com relação ao que você precisa, ou o que ele deve fazer para contribuir e atender as expectativas do grupo. Isso pode ser feito com simpatia e leveza.
Combine prazos e formas de entrega. Não se iluda com momentos de proatividade e não tenha sua energia sugada por falsas expectativas. 

VIRA-OLHOS
Também conhecido como: Do Contra, Rabugento, Gargamel ou Grumpy.
Não consegue ver o lado positivo em nada. Ao ouvir qualquer nova ideia: bufa, chacoalha as perninhas pra mostrar impaciência, demonstra todo seu descrédito, desdenha das possibilidades de sucesso e vira os olhos no estilo “Aff... Não sou obrigada...”.
Por que é um problema:
Porque afunda o moral da equipe e o seu. É muito difícil manter a energia boa e incentivar a criatividade e ação ao lado do Vira-Olhos. O time tende a ficar estacionado e boas ideias vão para o ralo sem sequer serem exploradas a fundo.
Se permanece no time com esse comportamento, sem ação da organização, puxa a barra de interação e comprometimento para o chão.
Como lidar:
Feedback! Direto, com respeito, mas sem rodeios. Algo do tipo: “Entendo suas preocupações e elas são importantes para que não sejamos ingênuos quanto ao projeto. No entanto, há um limite entre atenção e pessimismo. Quando você vira os olhos ou fala mal do projeto que estamos tocando, isso certamente não ajuda a nossa performance. Não conseguimos nos conectar com você, quando você rejeita a possibilidade de as coisas funcionarem por aqui, ainda que haja problemas.”
Em geral, o Vira-Olhos é uma pessoa que já foi (ou é) comprometida, mas que está decepcionada. É alguém com potencial, com visão crítica destacada (o que é muito bom!), mas que devido ao desapontamento (próprio ou com a empresa) está sem forças para contribuir e escolheu apontar todos os problemas, porque gostaria que não existissem, mas não ajuda a resolve-los.
Mostrar apreciação, mas ressaltar a necessidade da mudança de comportamento poderá ajudá-lo a compreender que ao invés de usar sua energia para mostrar descontentamento, poderá construir um futuro diferente e mais produtivo!

MISTER UNIVERSO
Também referenciado como Astro-Rei, Ser de Luz, O Iluminado, Deus.
Naturalmente superior aos outros mortais do escritório, o Mr. Universo sente que precisa dar suas opiniões sobre todos os assuntos e vencer todas as discussões. Impaciente ao ouvir as contribuições alheias, já tem o seu discurso pronto para a réplica e para justificar porque tem uma ideia melhor.
Normalmente é uma pessoa com grande potencial e elevado padrão de entrega. Os chefes piram! Adoram. Tem proatividade, quer resolver, enxerga o problema das outras áreas, envolve-se em múltiplas ações. Mas precisa muito de reconhecimento individual.
Por que é um problema:
Porque pode causar um desgaste gigante na equipe e abafar a voz e a criatividade dos outros. As pessoas começam a fugir de atividades em conjunto, pois se sentem “usadas”. Além disso, por, potencialmente, se tornar queridinho/a do chefe, as pessoas têm a percepção de que o chefe não as enxerga. Assim, uma questão pontual começa a se tornar uma questão corporativa, cultural. A “empresa” não nos valoriza....
Como lidar:
Alinhamento de expectativas, clareza de papéis e distribuição de poder. Uma cultura de inclusão e participação.
O Mister Universo acha que está ajudando as pessoas com o seu brilho. Ao ser confrontado com a realidade, ele sofre. Dependendo da maturidade, pode achar que está sendo injustiçado ou pode compreender que ajustar seu comportamento vai realmente ajudar a equipe. No final, vai vencer a verdadeira intenção. 

PINÓQUIO
Carinhosamente também chamado de Perna-curta, Pega-na-Mentira, Mágico de Oz.
Mente compulsivamente. Até em situações de baixa relevância.
Quando é uma pessoa com baixa capacidade produtiva, rapidamente é descoberto e expurgado da equipe. No entanto, diversas vezes, é uma pessoa com grande potencial e momentos de entrega muito positiva. Portanto, ganha credibilidade por sua inteligência ou habilidade específica - e aumenta seu impacto negativo sobre o time.
Por que é um problema:
Gera um nível de incerteza muito grande, com relação a entrega (ou não) das suas tarefas. Indiretamente cria dois grupos com visões opostas. Os que decidem acreditar ou relevar as mentiras e o os que têm a visão clara de que tudo não passa de um espetáculo (talvez nem tão consciente assim). O segundo grupo, desiludido, pode ser juntar aos Vira-Olhos e abandonar a confiança no futuro da equipe e da organização.
Como lidar:
Não dependa dele e não faça de conta que está acreditando. Quando você perceber a mentira, junte material para deixar claro que não “colou”.
Formalize os acordos e demonstre as inconsistências. A intenção não é expor ninguém publicamente, mas deixar claro que o comportamento não funciona com você e que você não vai jogar esse jogo. Talvez a anta continue na empresa, mas certamente sairá do seu caminho.
Mas atenção, se houver problemas éticos, legais ou que coloquem a equipe e a organização em risco, a ação deve ser levada para a liderança, recursos humanos, compliance etc.

SÃO TOMÉ
Outros apelidos calorosos: Mister M (quer desvendar os seus truques), Mala sem alça, Investigador, PF.
Só acredita vendo. Precisa ser convencido de que deve colaborar com sua iniciativa ou realizar determinada atividade.
Quando o chefe pede algo, ele ajuda e faz o trabalho. Quando você pede, quer saber por que você precisa daquilo, por que não faz de outro jeito, quer saber os mínimos detalhes da sua necessidade para avaliar se “concorda”.
Por que é um problema:
É um saco trabalhar com um São Tomé. É como se você tivesse que provar que é confiável o tempo todo. Toma tempo e energia, faz os processos serem mais lentos e atrapalha o clima da equipe.
Como lidar:
Empatia.
Oi? É sério isso?
Sim. Busque compreender qual é o modo de funcionamento do São Tomé. Você vai identificar que há um padrão em como ele decide sobre te ajudar ou não. Se você encontrar esse canal, poderá se antecipar aos questionamentos e já passar informações de forma que não haja questões adicionais. Com o tempo, essa relação começa a ter a confiança reforçada e você consegue entrar para o time que constrói em conjunto, migrando do “ver para crer”, para o “crer para ver”. 

Há diversos outros perfis que atrapalham a nossa vida no dia a dia de trabalho. Sempre haverá uma "anta" no seu caminho. Afinal de contas, as pessoas são singulares e possuem necessidades, interesses e valores muito específicos. (Talvez até você seja a "anta" de alguém do seu escritório - ouch!! será?).

Mais importante do que rotular e analisar os outros, é ter total consciência de que
Você não pode mudar o comportamento das pessoas, mas pode mudar sua reação em relação a esses comportamentos.

Portanto, concentre seu foco e sua energia em como você vai produzir valor (matar leões!) a partir da sua relação com as pessoas. Todas as pessoas. Sua carreira depende das relações que você cria e não apenas do profissional que você é.

Profissionais bem sucedidos não estão preocupados em "consertar" as pessoas (desviar das antas!). Estão ocupados tornando-se pessoas maduras, buscando autoconhecimento e ampliando suas formas de contribuir com as organizações e propósitos com os quais se comprometem.

Que tal você se juntar a eles?
Por: Alexandre Pellaes - https://www.linkedin.com/



Nenhum comentário:

Postar um comentário