sexta-feira, 26 de maio de 2017

Hei, Não Estudei Tanto Para Isso

Em tempos de redução de custos, cortes em equipes e recessão econômica muitos profissionais foram demitidos e contratos encerrados. Mas, até mesmo antes de o país se afundar nessa crise, uma cena já era bastante conhecida nas empresas: o acúmulo e o desvio de funções.

São profissionais de relações públicas tratadas como secretárias, secretárias executivas sendo vistas e tratadas como assistentes pessoais da gestora, analistas trabalhando como gestores sem receber um salário equivalente. E essa lista não para de crescer. E por que isso acontece tanto?

Por um lado, há a figura do gestor, que quer ter mais tarefas executadas sem ter que fazer novas contratações; do outro, o funcionário, que por medo de perder o emprego, acaba assumindo uma segunda atividade diferente daquela para o qual foi contratado.

O quanto isso nos afeta? Quão mal pode fazer assumir algo com o qual não temos identificação e empatia?

Já ouvi colegas se orgulharem de dizer "Aqui dentro da empresa sou como canivete. Faço um pouco de tudo que pedem" ou "se estão me pedindo para fazer coisas de fora da minha função é sinal que me reconhecem aqui dentro" e ainda "não reclama, não! pelo menos estão te passando trabalho".


Hei, calma aí! Onde é que fica o colaborador, suas competências, a valorização dos seus anos de dedicação e estudo para se especializar naquilo que faz melhor?

Assim , passam os dias desta crônica tão real do mundo corporativo e da vida de diversos profissionais excelentes e capacitados, mas que infelizmente estão alocados em empresas que não reconhecem seu valor e as especificidades de suas competências.

O problema ocorre quando essa "segunda função" passa a ferir a ética, princípios e até mesmo o propósito do funcionário. E um dia ele, que estudou, batalhou, se especializou, correu atrás, explode e diz: "Não estudei tanto para isso". E ainda escuta do gestor: "Está insatisfeito? A porta é logo ali".

Vamos ser claros?

O desvio de função acontece quando o trabalhador é contratado para exercer determinada atividade (a qual possui suas atribuições específicas), mas por imposição do empregador exerce uma função distinta. Já o acúmulo de função é a situação em que, além de desempenhar suas tarefas originais, o funcionário incorpora funções de outro cargo.

Especialmente no setor em que atuo, comunicação corporativa, esta realidade é cada vez mais presente. O mito do "faz tudo" transformou e continua transformando muitos de nós em "euquipes" alucinadas. Assim, passamos a fazer coisas que não amamos e com as quais não nos identificamos nem um pouco.

  • Até que ponto a necessidade de exercer múltiplas tarefas pode contribuir para o acúmulo e desvio de funções? 
  • Como nos posicionar diante dessa situação e como buscar apoio dentro da empresa?

No ambiente empresarial, já recebi pedidos para desempenhar uma tarefa de forma totalmente equivocada e diferente da que estudei, li e aprendi na prática. Em muitos momentos, já senti vontade de bradar: "Estudei muito na vida para isso". Não é simples nem fácil, em determinadas relações de poder, se posicionar sabendo que há risco de ser visto como insubordinado e contundente.

O que você faz quando isso acontece? Como reagir?

Por: - https://www.linkedin.com

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