quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Como a Psicopedagogia pode ser útil no ambiente empresarial?


O Psicopedagogo Organizacional, profissional multidisciplinar, irá atuar, segundo suas ferramentas*, na chamada "Aprendizagem Organizacional", advindo de um modelo relacional sistêmico e da "Gestão de Conhecimentos", inclusive. 

Elina Dabas diz: ‘aprendizagem é o processo pelo qual um sujeito, em sua interação com o meio, incorpora a informação oferecida por este, segundo suas necessidades e interesses (DABAS, 1988 apud RUBINSTEIN, 1999, p. 23.).’ 

Assim, a Pp toma como ponto de partida a aprendizagem, o feedback e a relação desse sujeito nesse processo. Uma organização é composta de grupos pessoas e sendo assim, pode ser tratada como um 'grupo que aprende'. Então, são âmbitos da Psicopedagogia Organizacional, o indivíduo - o grupo - a instituição - a comunidade.

Segundo Kroth (2008), o desenvolvimento de uma concepção crítica da educação compromentida com a realidade social e com sua transformação, não prescinde do planejamento. Planejar (do latim proficere – lançar, arremessar), envolve em sua base, compreender a realidade em todos os seus desdobramentos, tanto de tempo, quanto de espaço. 


Outro tema acerca deste desdobramento, seria o publicado pela autora Alina Tugend (2012), no livro 'SEM MEDO DE ERRAR: AS VANTAGENS DE ESTAR ENGANADO', que discute a questão dizendo: - "É errando que se aprende. Quantas vezes já não ouvimos essa afirmação? Todo mundo repete. Todo mundo concorda. Apesar disso, somos punidos por causa de grande parte de nossos erros, o que faz com que muita gente se esforce para negá-los ou encobri-los. Alina Tugend, colunista do New York Times, analisou esta contradição à fundo e pesquisou a forma como os erros são tratados em diferentes contextos, como empresas; hospitais; salas de aula; na política; dentro da família; em diferentes culturas".


O biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy elaborou ao redor da década de 50 uma teoria interdisciplinar capaz de transcender os problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios gerais (sejam físicos, biológicos, sociológicos, químicos etc.) e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada ciência pudessem ser utilizadas pelas demais. 


Essa teoria interdisciplinar – denominada Teoria Geral dos Sistemas – demonstra o isomorfismo das várias ciências, permitindo maior aproximação entre as suas fronteiras e o preenchimento dos espaços vazios (espaços brancos) entre elas. Essa teoria é essencialmente totalizante: os sistemas não podem ser plenamente compreendidos apenas pela análise separada e exclusiva de cada uma de suas partes. Ela se baseia na compreensão da dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua integração. 


Assim, os diversos ramos do conhecimento até então estranhos uns aos outros pela intensa especialização e isolamento conseqüente - passaram a tratar os seus objetivos de estudo (sejam físicos, biológicos, psíquicos, sociais, químicos etc.) como sistemas, e inclusive a Administração.



A Teoria Geral da Administração passou por uma gradativa e crescente ampliação do enfoque desde a abordagem clássica - passando pela humanística, neoclássica, estruturalista e behaviorista - até a abordagem sistêmica. Na sua época, a abordagem clássica havia sido profundamente influenciada por três princípios intelectuais dominantes em quase todas as ciências no início deste século: o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo.

Com o advento da Teoria Geral dos Sistemas, os princípios do reducionismo, do pensamento analítico e do Mecanicismo já se encontram totalmente substituídos pelos princípios opostos do expansionismo, do pensamento sintético e da teleologia3,4 (CHIAVENATO, 1994).


Peter Senge, em Learning Organizations (2002)5, fala que “as organizações que realmente terão sucesso no futuro serão as que cultivarem o compromentimento e a capacidade de aprenderem em todos os níveis”. 



Aglael Borges, afirma que “é preciso saber trabalhar com o diferente, tolerando a nossa ignorância, para buscar alternativas, abrindo possibilidades a situações não exploradas”. Ainda segundo Senge, relata a necessidade de resgatar a nossa capacidade de ver o mundo como um sistema de forças entrelaçadas e relacionadas entre si. Ao fazermos isso, estaremos em condições de formar as ‘organizações de aprendizagem’, nas quais as pessoas se colocarão objetivos mais altos, aprenderão a criar os resultados desejados e a usar novos e elevados padrões de raciocíno, enfim, onde as pessoas aprenderão continuamente a aprender em grupo. 

Na prática, Peter Drucker, pai da Administração moderna, em uma série de livros e artigos, constatou que “administrar não é uma ciência, tão pouco um negócio, é simplemente prática” (Repetitio studiorum mater est) e “os resultados, assim como os recursos, existem dentro da instituição e não fora dela, além do que resultados provêm do aproveitamento das oportunidades, o que significa explorá-las.


Aline Malanovicz (2008), diz que uma organização que aprende é um processo sócio-interpretativo-cultural de autodesenvolvimento.O conceito de aprendizagem organizacional pode ser entendido como “um processo de apropriação de novos conhecimentos nos níveis individual, grupal e organizacional, envolvendo todas as formas de aprendizagem – formais e informais – no contexto organizacional, alicerçado em uma dinâmica de reflexão e ação sobre as situações-problema e voltado para o desenvolvimento de competências gerenciais”.



 Assim definido, o conceito é complexo e multidimensional, e apropria um leque de campos referenciais teóricos heterogêneos, como psicologia, sociologia, antropologia, cultura, metodologia, e gestão. 

Em relação às teorias organizacionais, o conceito se articula com as teorias interpretativas já estudadas, pois essas permitem que se defina a organização como um processo, o que concorda com o conceito de aprendizagem organizacional exposto que, usando a imagem das organizações como sistemas que se autodesenvolvem, permite definir a organização que aprende também como um processo, resultado de atitudes, compromissos, regras e estratégias da cultura da sua coletividade, cultivadas em um ambiente propício à aprendizagem, especificamente com as características de ser ao mesmo tempo individual e social que é interpretativo e compreensivo e, por isso, de mudança contínua, geralmente visando a melhorias.

Por: Marcos Veloso de Albuquerque - http://www.artigos.com

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